COP26 e a necessidade do consumo circular
Artigo publicado no jornal Estadão
A 26.ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU – COP26, que acontece em Glasgow, na
Escócia, chega em boa hora. Com o objetivo de não produzir nenhum novo acordo, esperamos que os resultados
alcançados pelos cerca de 200 países signatários do Acordo de Paris sejam úteis para as novas metas de emissões,
visto que estamos vivenciando um cenário radicalmente alterado por conta da pandemia de covid-19.
Importante dizer que os países, de maneira geral, buscam resultados econômicos em um mundo cada vez mais
competitivo, mas só um acordo mundial, puxado pelos países do velho mundo será capaz de frear e reverter essa
roda do consumo inconsciente.
Diante de um desmatamento incontrolável e da falta de uma política séria e transparente, o Brasil vê despencar
sua liderança como articulador em negociações climáticas e como um dos principais players nesse cenário, onde,
inclusive, deveria dar as cartas e assumir a posição protagonista nessa linha de frente a favor da sustentabilidade.
Para falar de sustentabilidade é necessário falar na redução de emissão de CO². Durante a ECO 92 mais de 150
países se comprometeram a retornar o nível de emissão global durante um período de 10 anos, de 1990 a 2000.
No entanto, essa meta nunca foi alcançada e o mundo observa tacitamente os números crescerem em avanço
vertiginoso.
Mas não podemos nos esquecer e sim, dizer sem errar, que o comportamento humano é o grande responsável
pelas mudanças climáticas. Se entendermos que desde a revolução industrial o mundo segue na direção
desenfreada de produção e consumo, esse é o momento de repensarmos esse consumo exacerbado e linear e
passarmos agir no sentido do consumo circular.
Vejamos a reciclagem do vidro. Esse processo é um dos mais eficientes na indústria atual em se tratando de
reaproveitamento de embalagens: com um quilo de vidro é possível produzir outro quilo de vidro reduzindo as
emissões de CO² para a atmosfera, o que só reitera a importância de incentivar e reciclar esse material tão único.
Se descartado em aterros sanitários, o vidro pode levar vários anos para se decompor na natureza e apenas com a
maneira correta de descarte e destino é um dos principais aliados que o meio ambiente pode ter.
Importantíssimo ressaltar, que a utilização do caco de vidro substituindo outros minerais virgens no processo de
fabricação de um vidro novo, exige menor consumo energético para fusão das matérias primas e como
consequência essa reação gera menor emissão de CO². Diferente de outros materiais, não apresenta perdas em
seu processo de reciclagem.
Como não destacarmos alguns problemas relacionados à gestão e descarte inadequado desse tipo de resíduo. Há
um significativo comprometimento de corpos d´água e mananciais resultando na degradação do solo;
esgotamento de espaços adequados, como os aterros sanitários, e falta de espaço para dispor os resíduos
adequadamente.
Por tudo isso, é premente que cada um de nós repense nossas atitudes em relação ao meio ambiente como, por
exemplo, o consumo de produtos de marcas que possuem um propósito genuíno em favor da sustentabilidade. No
Brasil e no mundo, cada vez mais, empresas atuam de maneira consciente com preocupação socioambiental e
procuram reduzir e equilibrar o impacto negativo na sociedade onde estão inseridas.
*Juliana Schunck, diretora da Massfix, empresa de reciclagem de vidros
Fonte: Estadão